A dieta deixa de ser tão importante dependendo do número de horas de treino? Saiba mais…

É comum escutar que “não adianta treinar se você não comer direito”. Mas será que isso é uma verdade absoluta? Será que existe um ponto a partir do qual a quantidade de exercício físico que você faz permite maior flexibilidade alimentar — sem grandes consequências para a saúde?

Neste artigo, vamos explorar uma ideia que vem ganhando força entre fisiologistas, nutricionistas esportivos e até em estudos científicos recentes: o impacto da dieta pode ser modulado pelo volume de atividade física. E, sim, em certos contextos, ela “pesa menos” do que se imagina.

O corpo ativo é um corpo adaptável

O nosso organismo é incrivelmente eficiente quando se trata de adaptação. Quando treinamos com regularidade — especialmente exercícios de resistência ou de alta intensidade — o corpo ativa mecanismos que melhoram o metabolismo, otimizam o uso de energia e aumentam a tolerância a oscilações dietéticas.

Essas adaptações incluem:

  • Aumento da sensibilidade à insulina
  • Maior capacidade de queima de gordura
  • Redução da inflamação de baixo grau
  • Maior eficiência mitocondrial
  • Regulação do apetite mais precisa

Ou seja, quanto mais ativo você é, maior a capacidade do seu corpo de “corrigir” pequenos excessos ou desequilíbrios alimentares — pelo menos dentro de certos limites.

Existe um número “mágico” de horas?

Alguns estudos sugerem que a partir de 7 horas semanais de atividade física moderada a intensa, o corpo já exibe efeitos metabólicos bastante robustos.

Por exemplo, um estudo publicado na Cell Metabolism (Hall et al., 2019) mostrou que pessoas expostas a dietas ultraprocessadas ganharam peso mais rápido do que aquelas em dietas integrais. No entanto, indivíduos com alto gasto energético diário foram mais resistentes a esses efeitos adversos — mesmo consumindo alimentos menos saudáveis por alguns dias.

Outro trabalho interessante, liderado por Herman Pontzer e discutido em sua obra Burn, analisou populações extremamente ativas (como caçadores-coletores) e demonstrou que, mesmo com dietas longe do “padrão ideal”, essas pessoas apresentavam baixo risco de doenças metabólicas graças à alta demanda energética do dia a dia.

Dieta ainda importa — mas o contexto muda tudo

É fundamental entender que a dieta nunca deixa de ser relevante. O que muda, quando você treina muito, é a margem de tolerância do seu corpo. Um atleta amador que corre 4x por semana, faz musculação e tem um bom sono e hidratação provavelmente pode comer pizza ou hambúrguer no fim de semana sem grandes prejuízos — algo que não ocorreria com um sedentário.

Em outras palavras, atividade física é um modulador metabólico. Ela torna o organismo mais resiliente às falhas pontuais da dieta, o que pode ser uma boa notícia para quem busca equilíbrio e não quer viver refém de uma alimentação 100% “limpa” o tempo todo.

E quem treina menos?

Se você faz menos de 3 ou 4 horas de treino por semana, os cuidados com a alimentação precisam ser bem mais rigorosos. Nessa faixa, a dieta tem um peso maior para manter o controle glicêmico, prevenir acúmulo de gordura visceral, evitar resistência à insulina e garantir energia e recuperação.

Por isso, quanto menor o volume de treino, maior a dependência de uma dieta bem estruturada.

Conclusão: treino intenso dá liberdade, mas com responsabilidade

Não existe passe livre. Mesmo quem treina muito precisa garantir a ingestão de micronutrientes, fibras, antioxidantes e boas fontes de proteína. No entanto, o que os estudos mostram é que a rigidez alimentar pode ser suavizada conforme o volume e a consistência do treino aumentam.

Então, se você já treina entre 7 a 9 horas por semana, com regularidade, qualidade de sono e hidratação adequadas, saiba que está em um cenário fisiológico mais favorável. Aproveite, mas com sabedoria.

Movimente-se, alimente-se bem a maior parte do tempo, e viva com mais liberdade e consciência.

Bárbara Sant'Ana

Bárbara Sant'Ana é nutricionista formada pela FURB, apaixonada por transformar vidas através da alimentação. Com foco em emagrecimento, saúde intestinal, doenças crônicas e vegetarianismo, ela oferece consultas presenciais e online, personalizadas para cada indivíduo. Sua abordagem combina ciência e empatia, utilizando a interpretação de exames para construir planos alimentares eficazes e sustentáveis. Bárbara também compartilha seu conhecimento em palestras, inspirando e educando sobre o poder da nutrição para uma vida mais saudável e feliz.

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