Hipertensão arterial: por que a pressão ’12 por 8′ passou a ser considerada alta por especialistas

A hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta, é uma condição que afeta quase 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. Recentemente, durante o Congresso Europeu de Cardiologia realizado em Londres, especialistas divulgaram novas diretrizes que mudaram completamente a forma como classificamos e tratamos essa condição tão silenciosa quanto perigosa. Uma das mudanças mais impactantes foi a reclassificação da pressão arterial considerada normal – o que antes era visto como um valor adequado agora pode ser considerado elevado.

O que poucos sabem é que a hipertensão representa o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, incluindo infarto e AVC. No Brasil, uma pessoa morre a cada 90 segundos devido a problemas cardíacos ou vasculares. O mais alarmante é que mais da metade das pessoas com hipertensão nem sequer sabem que têm a condição. Entre aquelas que sabem, apenas metade busca tratamento, e dessas, somente metade consegue manter a pressão controlada. Essas novas diretrizes chegam em um momento crucial, onde precisamos repensar como abordamos essa doença silenciosa que causa tantos danos à saúde pública.

A nova classificação da pressão arterial: o que mudou?

Durante décadas, médicos e pacientes se acostumaram com a ideia de que uma pressão de “12 por 8” (120 por 80 mmHg) era considerada ótima ou normal. No entanto, as novas diretrizes européias, que tendem a influenciar os protocolos brasileiros, trouxeram uma simplificação nos conceitos e uma mudança significativa nos valores de referência.

De acordo com o novo consenso, a classificação da pressão arterial agora se divide em apenas três categorias:

  • Pressão arterial não elevada: abaixo de 120 por 70 mmHg
  • Pressão arterial elevada: entre 120 por 70 mmHg e 139 por 89 mmHg
  • Hipertensão arterial: maior que 140 por 90 mmHg

Essa mudança representa uma abordagem mais rigorosa no controle da pressão arterial. Como explicou o professor Bill McEvoy, da Universidade de Galway na Irlanda, “a nova categoria reconhece que as pessoas não passam de uma pressão arterial normal num dia para a hipertensão no outro”. Na verdade, há uma mudança gradual e constante, e certos grupos de pessoas poderiam se beneficiar de um tratamento mais intensivo antes mesmo que a pressão atinja o limite tradicional da hipertensão.

Outro aspecto importante destacado pelo professor Rhian Touyz, da Universidade McGill no Canadá, é que “os riscos associados ao aumento da pressão arterial começam quando os níveis da pressão sistólica ainda estão abaixo de 120 mmHg”. Isso indica que mesmo valores anteriormente considerados normais já podem representar um risco cardiovascular aumentado.

Por que essa mudança é importante?

A nutricionista hipertensão tem um papel fundamental no controle dessa condição que representa um problema de saúde pública monumental. As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil e no mundo, e a hipertensão é o fator de risco mais significativo por trás dessas estatísticas alarmantes.

Dr. Fábio Argenta, membro do Conselho de Ética Profissional e do Comitê de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), destaca que a hipertensão não está relacionada apenas com infarto e AVC, mas também com insuficiência cardíaca, insuficiência renal, cegueira e até demência. É curioso perceber como algo tão prevalente e perigoso não recebe a devida atenção da população em geral.

Segundo Dr. Carlos Alberto Machado, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), as mudanças nas diretrizes europeias ajudam a chamar atenção para o aumento da pressão arterial, mesmo quando ela ainda não atingiu os níveis compatíveis com um quadro de hipertensão. Ele reforça que o risco cardiovascular já começa com uma pressão relativamente baixa, de 115 por 75 mmHg.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia já está trabalhando para renovar as diretrizes brasileiras, com publicação prevista para o primeiro semestre de 2025. “As diretrizes de Europa e Brasil costumam andar juntas, então há uma tendência de que a nossa atualização siga pelo mesmo caminho”, adianta Dr. Argenta.

A estratificação de risco e o tratamento personalizado

Uma das principais novidades trazidas pelas diretrizes é a abordagem baseada na estratificação de risco, especialmente para aqueles que se enquadram na nova categoria de “pressão arterial elevada” (entre 120 por 70 e 139 por 89 mmHg).

Para esses pacientes, o médico deve avaliar uma série de indicadores de saúde para estimar a probabilidade de ocorrência de eventos cardiovasculares graves nos próximos dez anos. Nessa análise, são considerados fatores como a presença de outras doenças cardíacas, diabetes, colesterol elevado, obesidade, entre outros.

Baseado nessa avaliação de risco, as recomendações seriam:

  • Risco menor que 5%: Promover mudanças no estilo de vida e reavaliar a pressão arterial em um ano.
  • Risco entre 5% e 10%: O médico deve considerar fatores relacionados à etnia, sexo, situação socioeconômica e doenças autoimunes para decidir entre testar mudanças no estilo de vida por um ano ou reavaliar após três meses para verificar a necessidade de medicação.
  • Risco maior que 10%: Implementar mudanças no estilo de vida e, após três meses, iniciar tratamento medicamentoso se a pressão continuar acima de 130 por 80 mmHg.

Essa abordagem mais individualizada e baseada em risco demonstra como a medicina moderna está se afastando de protocolos rígidos e adotando estratégias que consideram o paciente como um todo, com suas particularidades e fatores de risco específicos.

Mudanças no estilo de vida: novidades para controlar a pressão

Quando se fala em controle da nutricionista pressão alta é fundamental para orientar adequadamente sobre a alimentação que ajuda a controlar essa condição. Além das recomendações clássicas como manter-se no peso ideal, adotar uma dieta equilibrada, praticar atividade física regularmente, não fumar, evitar bebidas alcoólicas e reduzir o consumo de sal, as novas diretrizes trouxeram duas importantes novidades:

  1. Aumento do consumo de potássio: Ao contrário do sódio (presente no sal de cozinha), o potássio ajuda a baixar a pressão arterial. Porém, os especialistas recomendam que esse aumento venha principalmente de fontes naturais, como frutas e verduras, e não de suplementos. O sal enriquecido com potássio pode ser uma alternativa, mas é preciso cuidado para não exagerar na quantidade devido à diferença de sabor.
  2. Treinamentos isométricos e de resistência: Os exercícios realizados na academia, como musculação, passaram a ser recomendados para o controle da pressão arterial. Dr. Argenta destaca que o fortalecimento da massa muscular está relacionado a uma vida mais longa e saudável, com efeitos positivos nos vasos sanguíneos. No entanto, pacientes com pressão muito elevada devem primeiro controlar esses níveis antes de iniciar exercícios intensos, já que o esforço físico pode fazer a pressão subir ainda mais temporariamente.

Vale ressaltar que, no caso do aumento do consumo de potássio, é necessária uma precaução especial com pessoas que têm problemas renais, pois o excesso desse mineral pode sobrecarregar os rins, que são responsáveis por filtrar o sangue e eliminar impurezas.

Tratamento medicamentoso: a nova abordagem com dois remédios

Outro destaque significativo das novas diretrizes é a recomendação de intensificar o esquema terapêutico logo no início do tratamento da hipertensão. Na maioria dos casos, a orientação é começar o tratamento já com dois medicamentos de classes farmacológicas diferentes, como diuréticos, antagonistas adrenérgicos, beta-bloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio.

Dr. Machado observa que “uma das principais causas das baixas taxas de controle da hipertensão no mundo é o fato de o médico muitas vezes insistir em usar apenas um remédio”. Ele explica que associar medicamentos de duas classes desde o início permite controlar até 60% dos pacientes, e usar três classes pode elevar essa taxa para 90%.

A sinergia entre diferentes princípios ativos, que atuam em vários mecanismos que influenciam a pressão arterial, garante um controle mais efetivo. Além disso, colocar o paciente dentro das metas terapêuticas nos primeiros três a seis meses após o diagnóstico tem um impacto extremamente importante na redução da mortalidade cardiovascular.

Após o diagnóstico de hipertensão, as metas de pressão arterial também se modificam. Segundo o documento europeu, o objetivo é manter o paciente na faixa dos 120 a 129 mmHg de pressão sistólica (o primeiro número) – ou pelo menos chegar ao valor mais baixo que o paciente consegue tolerar sem efeitos colaterais significativos dos medicamentos.

Diagnóstico e acompanhamento: quando e como medir a pressão

Mas afinal, como deve ser feito o diagnóstico de pressão elevada ou hipertensão? Existe uma idade ideal para começar a monitorar a pressão arterial? Com que frequência esse exame deve ser realizado?

Dr. Argenta recomenda que, a partir dos três anos de idade, a criança já deve ter sua pressão arterial aferida pelo pediatra. Da infância até os 40 anos, esse exame precisa ser repetido a cada três anos. Após os 40 anos, o ideal é medir a pressão pelo menos uma vez a cada 12 meses.

Essa regularidade é fundamental porque a hipertensão geralmente não apresenta sintomas, especialmente nas fases iniciais, sendo frequentemente chamada de “assassina silenciosa”. Muitas pessoas só descobrem que têm pressão alta quando já apresentam complicações graves.

As novas diretrizes também reforçam a importância de realizar o diagnóstico não apenas por meio do exame em consultório, mas também através de testes feitos em casa, como:

  • MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial): Utiliza um aparelho que avalia a pressão arterial continuamente por 24 horas ou mais.
  • MRPA (Medição Residencial da Pressão Arterial): Obtém medidas por meio de avaliações feitas em casa durante a manhã e à noite, por alguns dias consecutivos.

Esses métodos ajudam a evitar dois fenômenos comuns que podem comprometer o diagnóstico correto:

  1. Hipertensão do jaleco branco: Quando o paciente fica nervoso na presença do médico e sua pressão sobe, mas permanece normal no dia a dia.
  2. Hipertensão mascarada: Quando a pessoa tem pressão elevada fora do consultório, mas curiosamente apresenta medidas normais quando avaliada por um profissional de saúde.

Como enfatiza Dr. Machado, “o diagnóstico da hipertensão implica um tratamento para a vida toda, então precisamos ser muito rigorosos durante essas avaliações”.

Conclusão: o novo normal da pressão arterial

As novas diretrizes europeias para hipertensão arterial representam uma mudança de paradigma na forma como entendemos e tratamos essa condição tão prevalente e perigosa. A mensagem principal é clara: “o adequado não é mais o 12 por 8. De agora em diante, é preciso estar de 12 por 7 para baixo. Esse é o novo normal”, como bem resumiu Dr. Argenta.

Embora essas mudanças possam gerar algumas controvérsias – como a observação do Dr. Luiz Bortolotto, diretor da Unidade de Hipertensão do InCor, sobre a possível confusão que a nova categoria “pressão elevada” pode causar – o objetivo principal é claro: chamar atenção para os riscos cardiovasculares que começam em níveis pressóricos anteriormente considerados normais ou limítrofes.

Para os brasileiros, é importante ficar atento às atualizações das diretrizes nacionais, previstas para o primeiro semestre de 2025. Enquanto isso, a mensagem preventiva permanece: adotar um estilo de vida saudável, monitorar regularmente a pressão arterial e, caso necessário, seguir corretamente o tratamento prescrito pelo médico são medidas fundamentais para evitar as graves consequências da hipertensão não controlada.

O papel do nutricionista hipertensão é essencial nesse contexto, oferecendo orientações alimentares personalizadas que podem fazer toda a diferença no controle da pressão arterial e na prevenção de complicações cardiovasculares. Agende já sua consulta.

Bárbara Sant'Ana

Bárbara Sant'Ana é nutricionista formada pela FURB, apaixonada por transformar vidas através da alimentação. Com foco em emagrecimento, saúde intestinal, doenças crônicas e vegetarianismo, ela oferece consultas presenciais e online, personalizadas para cada indivíduo. Sua abordagem combina ciência e empatia, utilizando a interpretação de exames para construir planos alimentares eficazes e sustentáveis. Bárbara também compartilha seu conhecimento em palestras, inspirando e educando sobre o poder da nutrição para uma vida mais saudável e feliz.

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